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Paulex



Joined: 23 May 2007
Posts: 600
Location: Espinho

PostPosted: Fri Sep 14, 2012 9:46 am    Post subject: Reply with quote

Alguém wrote:
É preciso contextualizar as 20.000 Léguas no seu tempo: estamos em pleno furor das grandes expedições de reconhecimento geográfico do nosso planeta e ciências como a Oceanogafia, Geologia, Zoologia, Botânica, Química, Física, etc., traziam a todo o momento novos conhecimentos, novas descobertas no terreno, que eram seguidas com extraordinário interesse pelo público em geral, fazendo do séc. XIX o século "naturalista" por excelência.
(...)
No entanto o pendor visionário e os ambientes misteriosos e exóticos levaram a que o sucesso dos seus livros tenha sobrevivido até hoje (ao que o homem não fugia era à tentação de dar quase sempre uma "catanadazita" nos ingleses... Razz ).
(...)
(Paulo, quanto é que andas a pagar ao carácter, pá?)


Sim, o meu respeito ao homem e à sua obra devem-se a isso mesmo, à época em que surgiram e ao imaginário que foram capazes de criar na vida dos leitores. E sim, sobreviveu até aos dias de hoje, e vai continuara a sobreviver, porque uma aventura é sempre uma aventura.
A prova disso é que ainda no outro dia estava a comentar com uma colega minha como me estava a custar a ler o Vinte Mil Léguas... e ela disse que esse era um dos livros favoritos do filho, hoje com 19 anos, que os leu todos com cerca de 16.
Ou seja, não é um autor que agrada só a miúdos de outros tempos, mas prova que é uma obra intemporal. Pode é não agradar a todos os gostos, mas isso, acho que nenhum escritor consegue fazer. Razz

Al_Tereg, agora que falas nisso, por acaso quando era miúda lembro-me de ver os desenhos animados com um tal Willy Fogg, mas nunca foi propriamente uma grande paixão, e já não me lembrava da história quando li o livro.
Acho que já nessa altura as personagens não me marcavam, logo o defeito não deve ser da idade, mas dos meus gostos, mesmo... Eu confesso: quando me ponho a ler clássicos, habitualmente não nos damos muito bem... Very Happy

(o Paulo ainda não deve ter visto isto, quando me vir a falar mal do Verne se calhar vai-lhe dar alguma coisinha má... Rolling Eyes)
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Miguel Freire



Joined: 21 Jul 2006
Posts: 681
Location: Porto

PostPosted: Fri Sep 14, 2012 10:46 am    Post subject: Reply with quote

Paulex wrote:
Do Ken Follet só li "Os Pilares da Terra", e gostei, mas não o suficiente para ler mais coisas dele, pelo menos para já. Ele tem tantos livros, quase todos tão grandes, e tenho tanta coisa que quero ler... a minha lista de "desejos" é sempre maior do que aquilo que posso "despachar". Wink


Os Pilares da Terra são uma obra atípica na literatura do Ken Follet, juntamente com o Mundo sem Fim. A maior parte dos livros são thrillers, com aventura, guerra e um pouco de policial. Lêem-se bem e todos (ou quase) fazem querer ler até ao fim de seguida. O que gostei menos foi o Homem de Sampetersburgo, não sei porquê.

Sobre o Júlio Verne escrevo depois que agora não tenho tempo.
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bonecadeporcelana



Joined: 21 Mar 2010
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PostPosted: Fri Sep 14, 2012 11:25 am    Post subject: Reply with quote

Miguel Freire wrote:
Os Pilares da Terra são uma obra atípica na literatura do Ken Follet, juntamente com o Mundo sem Fim. A maior parte dos livros são thrillers, com aventura, guerra e um pouco de policial.


Exatamente. Os Pilares da Terra têm um estilo completamente diferente dos outros do mesmo autor.

Já acabei de ler O Homem de Sampetersburgo e gostei. Não achei foi grande piada ao Vale dos Cinco Leões, mas creio que teve a ver com o facto de eu já ter lido muitos livros ( essencialmente histórias verídicas ) sobre a vida nos países muçulmanos e por isso não vi ali nada de extraordinário.
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bonecadeporcelana



Joined: 21 Mar 2010
Posts: 1176
Location: Lisboa

PostPosted: Sat Sep 29, 2012 1:55 pm    Post subject: Reply with quote

Agora estou a ler Os Filhos do Paraíso do Ken Follett. Ao princípio não estava a gostar porque a história não parecia ter grande conteúdo, mas depois deu uma reviravolta surpreendente : uma espécie de comunidade hippie ameaça provocar um terramoto se o Governador do Estado da Califórnia não acabar com as centrais elétricas.
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Al_Tereg



Joined: 02 Mar 2009
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Location: Faro

PostPosted: Sat Oct 27, 2012 6:45 am    Post subject: Reply with quote

A MÃO DO DIABO (Parte 1)



Estive a ler o último livro do José Rodrigues dos Santos. Tive curiosidade porque soube que o livro abordava a crise económica por que passamos, que é um assunto que eu penso não deixar ninguém indiferente nos dias que correm. Supostamente, ou pelo menos assim tinha entendido, teria algo a ver com seitas ocultas que teriam manipulado a economia a soldo de certos interesses para a fazer chegar onde chegámos. Não sendo eu o maior dos fãs de teorias conspirativas, confesso que por vezes a reviravolta que tudo isto deu, de uma sociedade próspera em aparente constante progresso para uma situação de recessão irreversível, não deixa de me fazer questionar sobre o que pode explicar tudo isto. Afinal nem é bem esse o sentido mais global do livro, embora ronde também por aí.

E qual é afinal o sentido do livro? É difícil de dizer. Como outros livros dele que já li, basicamente expressa as opiniões do autor, colocando o Tomás de Noronha (uma espécie de alter ego heróico de JRS), a debitar as suas ideias em forma de diálogos meio coxos, nos quais quem discute essas ideias com ele se limita basicamente a ficar muito admirado com o que ouve, atirar uns breves argumentos canhestros a contrapor, para finalmente ficar siderado e sem palavras perante a sapiência e a clarividente razão do nosso amigo Tomás, o “rapaz da fita”. Tudo isto embrulhado, ao jeito de Hollywood e de Dan Brown, num thriller cheio de acção, suspense e mistério, com surpresas e reviravoltas, algumas das quais bem apanhadas e que podia mesmo dar um belo filme para uma matine de cinema com pipocas. A receita acaba por nem resultar mal, como prova o sucesso dos livros de JRS – os temas são interessantes e a aventura mais ou menos arrebatadora; mas, talvez por este ser um tema bastante sensível, confesso que houve coisas que desagradaram bastante ou que até me chocaram.

JRS acaba por dar neste livro a sua opinião sobre a crise. Tudo bem, tem, como todos nós, todo o direito à sua opinião. O problema é que faz desfilar nas palavras do herói uma quantidade de factos sobre a crise e aquilo que a originou à mistura com as suas opiniões, o que pode facilmente levar quem seja mais incauto, ou estiver menos informado, a tomar as opiniões ou posições ideológicas do autor como factos. Isto é o que se chama catequizar o leitor e não me parece legítimo. Não vou aqui contrapor as ideias do JRS até porque isto não é um espaço de debate político, mas posso adiantar que estou em desacordo com a maioria delas, sendo que eventualmente até concordo com algumas e outras há que são meramente factuais e sem discussão possível. Só que corre-se o risco de pôr tudo no mesmo saco, tomar tudo como facto e limitarmo-nos a beber do catecismo. Confesso que estive para pôr de lado o livro, porque me começou a irritar algumas das posições ideológicas expressas, mas ainda bem que li na totalidade, porque até aprendi muito sobre algumas coisas que desconhecia, nomeadamente sobre o que motivou realmente a fundação da moeda única, etc.

A parte final, contendo, não duvido, muitas verdades, é apresentada de uma forma tão ridícula e caricatural que a torna inverosímil. Posso levantar um pouco o véu e dizer que se trata de transcrições de escutas no Parlamento Europeu, em que políticos portugueses e estrangeiros discutem abertamente negociatas, piscando o olho uns aos outros e dizendo “o contribuinte que pague” enquanto se riem de puro gozo com os proventos pessoais ou partidários que vão retirar dali. Não tendo eu dúvidas que há negociatas na política, recuso-me a acreditar que as coisas alguma vez se passem a este nível tão básico e caricatural. E acho que no actual clima em que toda a gente tanto desconfia dos políticos e das instituições democráticas, um autor, que afinal é um jornalista conceituado e que partimos do princípio estar bem informado, colocar as coisas assim de forma tão básica e maniqueísta, pode contribuir para um populismo perigoso que pode pôr mesmo em causa a democracia. É apenas um romance, pois… mas certamente muito lido.

Já tinha ficado com esta opinião anteriormente do autor, mas desta vez é definitivo: espanta-me como ele consegue misturar algumas coisas francamente interessantes e bem feitas com outras coisas de um primarismo ou até de uma falta de gosto evidente. Isto não apenas no que toca ao enredo, mas ao próprio estilo. Vou tomar a liberdade de transcrever um belo naco de prosa do autor, devidamente comentado para vocês verem ao que eu me refiro.

Ponho num post à parte para isto não ficar demasiado extenso e porque, como verão, o estilo da crítica vai ser algo diferente do usado até aqui. Smile
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Al_Tereg



Joined: 02 Mar 2009
Posts: 1327
Location: Faro

PostPosted: Sat Oct 27, 2012 7:10 am    Post subject: Reply with quote

A MÃO DO DIABO (Parte 2)


CUIDADO, o excerto escolhido é de uma cena erótica (é um maroto, este nosso José Rodrigues dos Santos, como já teríamos desconfiado, pelas suas piscadelas de olho no fim do Telejornal Wink ).

Espero não ser banido por, em dois posts de seguida, entrar em duas matérias tabu e pouco condicentes com o espírito do fórum: política e sexo! Mas afinal, que diabo, temos que animar um pouco o fórum que anda tão mortiço. Razz

Personagens: o “nosso” professor de História, Tomás Noronha e Raquel, uma agente da Interpol espanhola de olhos verdes esmeralda. (Preparem-se para um pouco de Corín Tellado, um pouco mais apimentado – julgo eu, porque nunca li nada da senhora. Razz)

Era como se um magneto irresistível os unisse.
Numa explosão incontrolável do desejo até aí reprimido, os corpos de Tomás e Raquel colaram-se, boca com boca, gemendo e arfando, agarrados num abraço de carne, ele a afagar-lhe as costas ela a despenteá-lo na nuca. Rolaram pelo sofá até ao tapete, sôfregos, gulosos, na voracidade do prazer, o calor de um a incendiar o outro, as línguas ardentes a entaramelarem-se, a lutarem, a saborearem-se, melancolia portuguesa e paixão espanhola, mar lusitano e fogo castelhano, veludo e ferro, sal e sangue, olá e hola.


Pára tudo! Não havia nexexidade! O autor é um bom autor, mas… “olá e hola”? Rolling Eyes Ia tudo tão bem, neste contraponto entre Portugal e Espanha, num crescendo arrebatador, até, e de repente “olá e hola”? Nada melhor para ilustrar a ideia do que é um anti-climax.
Mas não fica por aqui. Continuemos.

Tacteando às cegas o corpo dele, Raquel agarrou-lhe o cinto e começou a abri-lo: Tomás respondeu arrancando-lhe a blusa e soltando-lhe o soutien, trapalhão e impaciente.

Pára outra vez! Trapalhão? Então o nosso herói, um conquistador nato e experiente (em cada livro tem pelo menos um caso com uma heroína diferente) afinal é um trapalhão? Mesmo que seja, José, devias omitir isso ao leitor, não fica bem ao personagem e tira intensidade à narrativa (mais um pequenino anti-climax). Que tal trémulo de desejo, ou sôfrego, em vez de trapalhão? É só uma sugestão.
Adiante…

Sentiu os seios quentes e gelatinosos encher-lhe as palmas das mãos (…)

PÁRA tudo de novo! Gelatinosos? Shocked
No way, José, not sexy. Macios, ok, pode ser uma boa caracterização; firmes e rijos, parece-me bem; gelatinosos, não! Trazer à mente a imagem de uma alforreca num momento destes não me parece indicado. Já deste cabo do clima. Adeus. Razz

Diga-se de passagem que pouco depois o Tomás parou mesmo a meio, embora o autor não diga que foi por ter sido assolado por qualquer imagem de medusa, mas porque, a meio da função, ele se lembrou de como poderia decifrar um código secreto deixado por um amigo. Não fica bem deixar a pobre senhora assim a meio, mas tudo bem, a gente depreende que a consumação fica adiada para o fim do livro e que o “nosso” experiente Tomás até o terá feito para deixar a agente da Interpol mais inflamada para a vez seguinte.
E, realmente, no final, eles voltam a envolver-se. Mas, vejam só, mais uma vez, na hora H, o nosso herói volta a parar! Rolling Eyes Desta vez assolado pelo pensamento dos olhos castanhos de Maria Flor, a portuguesa que dirige o lar onde está a mãe do Tomás e por quem ele começa a nutrir uma paixão platónica.
Que bonito, o nosso homem, mesmo danado para a porrada, mesmo sedutor, mesmo intelectual brilhante, é no fundo um romântico! Tudo bem, mas um romântico a sério, se não se quer envolver com uma mulher porque tem outra em mente, não começa ou, pelo menos, não leva as coisas tão longe. Deixá-la nua na cama e virar-lhe as costas no último momento, não me parece de cavalheiro, digo eu. E se é romântico do ponto de vista da Maria Flor (ainda que esta nunca venha a saber), não me parece muito romântico nem correcto do ponto de vista da pobre Raquel de olhos verde-água. De modo que não levo nada a mal que senhora tenha dito, citando novamente JRS:
Cabrón de mierda, hijo de p..., coño de maricón!

Eu não diria melhor! Cool
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bonecadeporcelana



Joined: 21 Mar 2010
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Location: Lisboa

PostPosted: Sat Oct 27, 2012 11:42 am    Post subject: Reply with quote

Lolololol, Al_Tereg. Ficaste mesmo horrorizado com os disparates do JRS. Very Happy
Parece-me que ele quis ser original e em vez disso meteu os pés pelas mãos. Confused
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marion



Joined: 31 Jan 2009
Posts: 828
Location: Coimbra

PostPosted: Sat Oct 27, 2012 3:05 pm    Post subject: Reply with quote

Al_tereg, não posso concordar mais contigo relativamente às críticas feitas ao último livro do JRS!

Embora não o tenha lido, os "pecados" a que te referes, são os mesmos cometidos em livros anteriores, razão pela qual eu não sou de forma nenhuma apreciadora dos livros dele, do ponto de vista literário.

Considero no entanto que os livros têm um certo interesse didático e facilmente utilizaria excertos numa aula, à laia de manual, para dissertar sobre diferentes aspectos do nosso mundo atual.
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rui sousa



Joined: 13 Dec 2006
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PostPosted: Sat Oct 27, 2012 10:31 pm    Post subject: Reply with quote

Rui, já não me ria tanto aqui no fórum há algum tempo, a análise feita à passagem da "obra" do JRS fez-me, não sei porquê, fazer comparações com os Tesourinhos Deprimentes dos Gato Fedorento. Laughing
Eu nunca li um livro inteiro do Zé mas sempre que abro um e começo a folhear... ponho-o de novo na estante e sigo o meu caminho na livraria. É simples e prático.
Mas é o que dá dinheiro... hoje passei pela Fnac e tufas!, já na segunda edição e com 60 000 exemplares em cima! Rolling Eyes Enfim...

Entretanto, estou a ler, com muita calma, o «Memorial do Convento» de José Saramago (mais fácil de ler do que pensava) e a biografia de Hergé. E hoje acabei de ler «Dama de Espadas» de Mário Zambujal. Que posso dizer sobre o livro? Que é bom, está dentro do estilo que o autor habituou os seus leitores, e que eu cada vez gosto mais. É uma grande história (que visionei, a cada instante e a cada página, numa adaptação cinematográfica imaginária), muito bem engendrada e com muito humor à mistura. Mário Zambujal é mais conhecido pela «Crónica dos Bons Malandros», que é um livro excelente, mas vale muito a pena conhecer outros livros dele, tal como este, e provavelmente, «Cafuné», o mais recente e que saiu na semana passada nas livrarias. Very Happy
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À Beira do Abismo
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bonecadeporcelana



Joined: 21 Mar 2010
Posts: 1176
Location: Lisboa

PostPosted: Sun Nov 11, 2012 9:41 pm    Post subject: Reply with quote

Já que estamos numa de apontar gaffes nos livros, lembro-me de uma que me chocou particularmente. N' O Código da Vince a protagonista deixa de falar ao avô porque o apanha a participar numa orgia. Mas, mas...quantas raparigas deixavam de falar ao avô viúvo em pleno século XXI por esse motivo !?
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rui sousa



Joined: 13 Dec 2006
Posts: 1203
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PostPosted: Wed Nov 28, 2012 3:45 pm    Post subject: Reply with quote

anteontem à noite, decidi desarrumar «O Cântico de Natal», o famosa conto de Charles Dickens, e que eu considero a história de Natal por excelência e a minha peça literária de eleição que aborda a quadra.

Ao longo dos anos vi muitas versões televisivas e cinematográficas da obra de Dickens, e antes de ter começado a ler o livro, recordara-me de todos os elementos que captara do visionamento de todas essas versões (ou seja, já sabia a história de cor e salteado). Contudo, eu queria mesmo ler o livro, e o prazer que já tinha adiado há tanto tempo acabou por se concretizar há duas noites atrás, terminando na noite do dia seguinte. E digo-vos, que bem que eu fiz em ter escolhido «O Cântico de Natal»! É uma história tão bonita e tão simbólica para os dias de hoje que é impossível não se gostar dela. As personagens são tão características da sociedade atual, e os valores que elas têm (quer dizer, nisto é principalmente o senhor Ebenezer Scrooge, o idoso protagonista da história) são muito equiparáveis aos valores de cada um de nós.

De todas as adaptações do livro, penso que, após ter completado a leitura, a que captou melhor e mais inteligentemente a visão e o espírito da mensagem de Charles Dickens foi a versão animada mais recente, da Disney, com a voz de Jim Carrey e realizada por Robert Zemeckis. O filme segue mais à risca o livro, transpondo para o ecrã todos os pormenores e diálogos do livro sem perder nada em termos de credibilidade. Porque, se formos a ver bem, Dickens não pretende mostrar apenas a simbologia do percurso que cada um dos três Espíritos que Scrooge conhece - há todo um universo de metáforas e personagens que merecem ser descobertas. E por isso, recomendo que, antes de mais nada, lessem este livrinho. Vale muito a pena, e mesmo que saibam a história toda, vão ver que irão emocionar-se e rir-se com algumas partes que já conhecem por inteiro. Sempre fui admirador de Dickens, nunca tendo lido livros de sua autoria. «O Cântico de Natal» foi uma porta que se abriu para eu poder descobrir o seu universo literário complexo e imaginativo. E como estamos a chegar a Dezembro, nada melhor do que recordar uma das histórias que melhor retrata o espírito da quadra, sem recurso a Pai Natal ou fantasias de maior. A ler!
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rui sousa



Joined: 13 Dec 2006
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PostPosted: Mon Dec 17, 2012 12:35 pm    Post subject: Reply with quote

Mais um livro lido de Mário Zambujal, o quinto do autor que me passa pela vista. Não sendo um dos seus melhores trabalhos, a meu ver, «À Noite Logo se Vê» é um bom livro com uma interessante história e situações hilariantes descritas no estilo único e inconfundível do carismático criador dos «Bons Malandros». Sendo uma história com um elevado pendor fantástico (o livro foi publicado, originalmente, numa coleção dedicada a esse género literário), o leitor segue as desventuras de um investigador do sobrenatural em relação ao mistério de Roseiral, uma terra onde não nasceu nenhuma alminha durante quatro anos. Além desta trama pseudo-policial, são contadas também algumas histórias avulsas sobre indivíduos "roseiralenses", repletas de humor e nonsense e que, de vez em quando, bem precisamos para distrair um pouco. Há uma certa dispersão por parte de Zambujal, um afastamento da trama principal, que depois não chega a ser contada de uma forma mais apelativa, para dar mais espaço às tramas secundárias. Mas gostei do livro e, tal como os outros quatro lidos pela minha pessoa do autor, é recomendável!
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rui sousa



Joined: 13 Dec 2006
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PostPosted: Tue Dec 18, 2012 7:01 pm    Post subject: Reply with quote

Acabei há momentos de ler «Being There», um pequeno romance da autoria de Jerzy Kosinski, que por cá foi publicado pela Livros de Areia, uma pequena editora independente, em 2007. A obra de Kosinski conceituou-se ainda mais pela adaptação feita para cinema em 1979, nove anos depois da publicação original do livro, protagonizada pelo Grande Ator Peter Sellers (e que espero conseguir ainda visionar esta semana), e cujo argumento foi adaptado da novela pelo próprio autor da mesma.

«Being There» trata-se de uma pequena, mas prodigiosa, sátira aos EUA, à política, às relações entre países e ao efeito da televisão no nosso dia a dia. Este último tema está unica e exclusivamente simbolizado em Chance, o protagonista do romance, que passou toda a sua vida isolado do mundo exterior, vivendo numa mansão onde apenas tratava do seu jardim e via televisão para se distrair. Um dia, o seu "tutor" morre e Chance é obrigado a sair da sua casa e a iniciar contacto com a vida fora do seu pequeno e misterioso mundo. Aí interrogamo-nos da maneira como Chance aprendeu o que é a vida real através dos "ensinamentos" da caixinha mágica, dando-lhe uma ideia errada e pouco esclarecedora das atitudes que deve tomar face às pessoas e situações com que se vai deparando.

E é a ingenuidade de Chance face ao que o rodeia que permite a Jerzy Kosinski elaborar uma mordaz e inteligente crítica à sociedade americana dos anos 70 (mas que se encaixa, perfeitamente, no mundo contemporâneo) e que nos deixa a pensar no verdadeiro significado das nossas ações e das nossas ideias face ao poder dos media e da alta sociedade. Um pequeno livro, mas com um significado gigante. Pequenas lições de literatura como esta não se apanham todos os dias...
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Blue Angie



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PostPosted: Sun Dec 23, 2012 7:01 pm    Post subject: Reply with quote

Li recentemente o clássico "O Principezinho". Era um dos livros que estava na minha lista de coisas para fazer antes de morrer! Sempre tive curiosidade em ler, e lá consegui comprar. Acabei há pouco tempo Wink
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25 anos de Vitinho
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rui sousa



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PostPosted: Wed Jan 02, 2013 1:26 pm    Post subject: Reply with quote

Blue Angie, esse é o meu livro preferido! Very Happy

E hoje acabei de ler «Quando o Diabo reza», um divertido livro da autoria do consagrado escritor português Mário de Carvalho. Um romance repleto de personagens caricatas e hilariantes e com uma escrita que se aproxima muito da maneira de falar de cada uma delas. A história gira à volta de dois grupos distintos, mas que veem o mesmo objetivo à frente: dinheiro. As "massitas" do proprietário de umas quantas drogarias, e que se torna um alvo a alcançar por um trio de criminosos de pouca monta (Abreu, Bartlo e Cíntia), mas também pelas duas filhas (Ester e Beatriz) do idoso proprietário de todos esses estabelecimentos. Enquanto que os três primeiros preparam minuciosamente um golpe para conseguirem sacar o dinheiro àquele indivíduo, as duas filhas sonham com altos voos, caso o Pai lhes deixe a fortuna por herança.

Um romance surpreendente, vindo de um autor muito versátil e que aposta sempre em fazer algo completamente diferente, a cada novo livro. E com «Quando o Diabo Reza», a aposta ficou ganha, pelo menos para mim. É um livro que se lê muito rapidamente e que contém muitas passagens inteligentes e inesquecíveis. Um livro muito aconselhável para todos, muito acessível e muito bem escrito. Vale muito a pena ver, com este livro, a grande criatividade e imaginação de Mário de Carvalho!
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rui sousa



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PostPosted: Sun Mar 03, 2013 11:14 pm    Post subject: Reply with quote

O Invasor, de Marçal Aquino

Uma pequena obra algo diferente e surpreendente do que é habitual, «O Invasor» é uma história repleta de suspense e tensões fortes da autoria do conceituado autor brasileiro Marçal Aquino. Originalmente o livro foi lançado à data da estreia da adaptação cinematográfica (que espero poder ver em breve) e conseguimos perceber como toda a narrativa envolvendo Ivan, Alaor e Anísio é motivo para se criar um bom filme, recheado de momentos puramente hitchcockianos e pequenos "twists" narrativos que fariam uma justa homenagem ao Mestre do Suspense. Contudo, sem estar a especular sobre como será a adaptação do livro - não vá eu ter alguma desilusão posterior -, posso apenas dizer que esta pequena obra de Aquino revelou-se uma boa surpresa. Um livro que diz muito em poucas palavras, em poucas páginas, em poucas frases. Deixa-nos a imaginação fervilhar de recriações do ambiente que envolve toda a trama de crime e mistério sem precisar de nos dar muitos detalhes ou respostas demasiado concretas. Não é uma obra que se destaque particularmente dentro do panorama literário brasileiro, mas «O Invasor» é um bom livro, que li sempre com uma grande curiosidade e sem nenhuma vontade de o abandonar - como aconteceu com algumas obras que tentei ler num passado recente, e daí não ter dado grandes novidades literárias ultimamente nos recantos da internet - , e que mostra a vivacidade da escrita de um autor muito realista, muito humano e com um estilo e personagens que se tornam muito próximos de qualquer um de nós. Vale a pena para quem quer sentir o gosto de uma leitura rápida e extremamente acessível.
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PostPosted: Mon Mar 04, 2013 6:41 pm    Post subject: Reply with quote

Diálogos sobre a Fé

Eduardo Prado Coelho, notável intelectual português, falecido há alguns anos mas que deixou um trabalho e uma carreira excecional para a posterioridade, e D. José Policarpo, (por enquanto ainda) Cardeal-Patriarca de Lisboa, juntaram-se para esta iniciativa jornalista que consistiu num conjunto de cartas (seis ao todo, sendo que cada metade é de um dos autores) que um, agnóstico, e o outro, católico, enviaram entre si, formando um compêndio de comentários às muitas inquietações, dúvidas e polémicas que envolvem o mundo atual dos crentes e dos não-crentes, de um lado e de outro da "barricada". É um livro curioso pela abrangência dos temas que trata, pela rapidez da sua leitura (apesar de abordar temáticas muito profundas) e pela forma como nos mostra que, apesar dos diferentes credos religiosos, os seres humanos têm sempre de confrontar os mesmos problemas sociais e humanos todos os dias e por todas as gerações. Uma obra interessante para qualquer pessoa, que não pretende dar respostas, mas sim deixar ainda mais perguntas na cabeça de cada leitor.
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rui sousa



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PostPosted: Mon Mar 11, 2013 9:15 am    Post subject: Reply with quote

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

A verdadeira ficção científica, para mim, é a que consegue alertar para problemáticas que, mesmo que sejam vistas de uma perspetiva algo datada, continuem a fazer sentido passado tantos anos. Em «Fahrenheit 451», obra mestra do lendário Ray Bradbury, falecido há pouco tempo, não existem razões para podermos comparar quais as diferenças em relação aos anos 50, quando foi escrito este livro, e o nosso tempo atual, porque infelizmente, esta obra é mais urgente agora do que na altura em que foi concebida. Steve Jobs afirmou, sem sombra de dúvida: "people don't read anymore". E através de uma sociedade imaginária onde os bombeiros, em vez de apagarem fogos, causam-nos para eliminar todo o rasto de literatura que possam encontrar, podemos ver que, apesar de muita gente considerar os livros ultrapassados, estes são necessários na nossa sociedade. São o exemplo da nossa Evolução em relação a todos os outros animais. Contudo, se «Fahrenheit 451» fosse escrito hoje, através da previsão que, daqui a uns anos largos, toda a gente vai ler livros em computadores, o trabalho destes "bombeiros" seria muito mais simples: apenas precisariam de desligar uns quantos circuitos online e manipularem toda a internet - parece uma utopia, mas penso que algum hacker neste Mundo seja capaz de fazer isso.

Sim, eu não gosto da visão de Jobs e que parte da opinião pública quer impor como única e verdadeira. Pensam que as pessoas vão ler mais por causa das tecnologias, o que eu vejo que é totalmente errado pelo que percebo da minha geração, que usa mais o telemóvel para engonhar e jogar angry birds - e eu gosto deste jogo, atenção!, mas gosto mil vezes mais de ler, obviamente. Contudo, tenho receio é que as pessoas se tornem demasiado obcecadas com as "famílias" da história de Bradbury, nome sabiamente dado à televisão e ao poder excessivo que tem na população alienada que vive dependendo da companhia da mesma. É preciso as pessoas lerem, e mais do que isso, lerem o que gostam de ler. Eu felizmente tenho apanhado bons livros que me têm cativado a ler depressa e bem.Como este, que está repleto de frases fantásticas e com uma narrativa muito original e fundamental na literatura contemporânea. «Fahrenheit 451» é uma obra que apela à não-extinção da leitura e à descoberta, pelas pessoas, dos grandes livros e das coisas que realmente importam na vida. Que preciosidade!
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PostPosted: Mon Mar 18, 2013 4:51 pm    Post subject: Reply with quote

A Turma

François Bégaudeau escreveu (e, posteriormente, protagonizou a adaptação cinematográfica realizada por Laurent Cantet) «A Turma», um relato convincente e verosímil (palavra que é muitas vezes pronunciada, erradamente, por certos alunos que aparecem na obra) da vida escolar em França, que acaba por coincidir, em muitos aspetos, com a realidade portuguesa. Composto por pequenos episódios que retratam dois "universos": o do professor com os alunos e o do professor com outros professores, este livro, com uma escrita muito próxima da linguagem oral utilizada neste tipo de circunstâncias, acabou por me surpreender pela forma aparentemente ligeira com que aborda a Instituição e a vida que existe dentro dela. Mas no fundo, acaba por ser também uma visão da Escola na atualidade, mais multicultural e aberta a novas ideias e formas inovadoras de se ensinar. Uma pequena e simples obra, mas que tem muito interesse e não deve ser esquecida, apesar do grande sucesso que teve o filme e que acabou por "esconder" um pouco o livro, pelo menos nas livrarias portuguesas.
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PostPosted: Mon Sep 02, 2013 12:43 pm    Post subject: Reply with quote

Muitos livros lidos neste "interlúdio" do fórum, este foi um dos últimos:

Memória de Elefante
Estreia literária de António Lobo Antunes, um dos nomes mais marcantes da literatura portuguesa contemporânea, «Memória de Elefante» é uma primeira obra original e irreverente, que marca pelo pendor autobiográfico e pela influência que a Guerra Colonial teve, inquestionavelmente, no escritor e em várias das suas obras posteriores a esta inicial. Seguimos o dia na vida de um psiquiatra, que participou no Ultramar, e que no presente da narrativa é um homem desiludido consigo próprio, mas que também não parece querer fazer alguma coisa para sair da situação em que se encontra. Os erros e os arrependimentos que rodeiam o seu passado e o presente da sua vida e carreira profissional são muitos e são-nos descritos ao longo de toda a narrativa, de uma forma embrionária daquilo que viria a ser, mais tarde, o estilo inconfundível de Lobo Antunes. Repleto de referências, metáforas e de uma autêntica prosa poética numa escrita pura e duramente pessoal, mas transmissível, que diz muito para não dizer nada, «Memória de Elefante» foi uma estreia diferente e provocadora que muito bem lançou um dos maiores autores de língua portuguesa, e eterno candidato ao prémio Nobel, que se lê com proveito e onde cada frase dá prazer de ser lenta e suculentamente mastigada.
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PostPosted: Tue Sep 03, 2013 11:41 am    Post subject: Reply with quote

Ratos e Homens

Pequena história realista, humorística e dramática sobre dois homens diferentes em circunstâncias caricatas, «Ratos e Homens» é uma interessante narrativa de John Steinbeck, que nos apresenta dois personagens icónicos da literatura americana: George, um homem inteligente, que é acompanhado por Lennie, muito alto, com uma força inacreditável... assim como as suas incapacidades cerebrais. Infantil e ingénuo, Lennie ajuda George no trabalho que conseguiram arranjar numa pequena quinta, mas o filho do proprietário e a sua esposa vão trazer alguns problemas a esta dupla de personagens... Curta e incisiva, a história de «Ratos e Homens» é uma alegoria cativante sobre o ser humano e as suas características, que o distinguem dos demais bichos que andam por este planeta. É uma história simples, com personagens simples e situações não muito elaboradas nem psicologicamente complexas. «Ratos e Homens» vale pela sua simplicidade e pelo seu caráter pitoresco, ao narrar de forma divertida as peripécias acutilantes e reveladoras de George, Lenny e das pessoas que conhecem na quinta.
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PostPosted: Wed Sep 04, 2013 11:04 am    Post subject: Reply with quote

Cerromaior
Do autor de «Seara de Vento» que é, provavelmente, a sua narrativa mais conhecida e estudada, «Cerromaior» é um romance rural de Manuel da Fonseca, onde várias temáticas são postas em confronto num Alentejo atrasado, conservador e onde estranhas pessoas, com vidas estranhas, deambulam pela aldeia que dá nome ao livro, e em outras que a rodeiam. Esta obra foi ainda alvo de uma adaptação cinematográfica, da autoria de Luís Filipe Rocha, estreada no ano de 1981, e que teve algum considerável sucesso. «Cerromaior» é a história de Adriano, um rapaz que vive na aldeia mas que ambiciona regressar a Lisboa para completar os seus estudos, coisa que os seus familiares e as suas obrigações patrimoniais o impedem de executar. E em Cerromaior conhecemos todo um rol de personagens que conhecem Adriano, ou trabalham para os seus primos, ou que simplesmente habitam o mesmo espaço que este moço, que deambula pelas ruas da aldeia desgostoso da sua vida. «Cerromaior» é também uma crítica política, tendo sido, por isso, um romance impiedosamente cortado pela Censura, e que o autor tentou reconstituir, na sua originalidade, nesta edição da Caminho. Uma obra interessante, com alguma chama literária e situações muito bem relatadas e escritas, mas que sabe a pouco. Mas felizmente ficamos com a memória viva destas personagens que, felizmente, estão muito bem e credivelmente construídas (não fosse este um romance neorrealista - aliás, Manuel da Fonseca é um dos nomes maiores desse género na literatura portuguesa), num ambiente tão tipicamente português, numa região do país que foi e continua a ser, de maneiras diferentes obviamente, vítima de certos atrasos que o progresso do resto da "Lusitânia" não consegue trazer para o Interior e para as zonas mais rurais...
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