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A Avenura - Traduções

 
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Alguem



Joined: 11 Apr 2006
Posts: 2137
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PostPosted: Sun Jun 14, 2009 5:13 pm    Post subject: A Avenura - Traduções Reply with quote

Na Aventura na Montanha há um pormenor de tradução que gostaria que o Tim ou o Rui clarificassem com o texto original inglês.

Quando o Jaime, Lia e os pequenos chegam à quinta do casal Evans onde se vão hospedar, no País de Gales, há uns breves comentários sobre o nome da quinta (págs 10-11, Ed. Meridiano):

(...)
- Tem um rico aspecto! - exclamou Maria da Luz - Como se chama?
Jaime disse qualquer coisa que soava como "Dosse-gosse-u-éli-odeline".
- Santo Deus! - exclamou Dina - Que nome! Estou certa de que nem a própria
Didi poderia pronunciá-lo.
(...)
- Agora diz,
Didi - mandou João - Vá!
- "Esta-é-a-casa-construída-por-João" - palrou o pássaro, juntando as palavras.
(...)


Acredito que o nome dito por Jaime fosse mais ou menos aquele, no original. Mas como é a versão palrada pela Didi?
Isto porque existe a seguinte nota de rodapé da tradutora (Maria Helena Mendes):

"Princípio que estabelece um embaraço de língua, em inglês, que progressivamente se vai alongando mais. Devido ao seu invulgar prolongamento, não é possível reproduzir."
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Alguem



Joined: 11 Apr 2006
Posts: 2137
Location: Porto

PostPosted: Mon Jun 15, 2009 1:12 am    Post subject: Reply with quote

Com a ajuda de uma versão inglesa online deste livro e de uma pequena pesquisa através do Google, estão tiradas as dúvidas Smile

O nome galês da quinta que Jaime pronuncia, soa Doth-goth-oo-elli-othel-in (e que adaptado foneticamente para português ficou bastante semelhante).

Já a frase que a Didi diz é mesmo a tradução literal, pois no original é This-is-the-house-that-Jack-built.
Esta frase é o título duma cantilena infantil que começa com esse verso mas vai aumentando cumulativamente a sua complexidade, adicionando mais e mais elementos (como acontece no conhecido cântico de Natal The twelve days of Christmas). http://en.wikipedia.org/wiki/This_Is_the_House_That_Jack_Built

Portanto o que está mal, quanto a mim, é aquela nota de rodapé... Bastava a tradutora ter acrescentado que aquela frase dizia respeito a uma cantilena infantil, etc. e tal, que já se percebia o que tinha "a letra a ver com a careta"... Rolling Eyes
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Tim



Joined: 05 Jan 2007
Posts: 346

PostPosted: Tue Jun 16, 2009 11:35 am    Post subject: Reply with quote

Ainda não li a edição inglesa, mas consultei a passagem que referes e confirmo que está igual na edição que possuo. É curioso que embora tenha lido a edição portuguesa há muitos anos, lembrava-me perfeitamente desse excerto e da respectiva nota de rodapé, e por isso estava à espera que na edição inglesa essa passagem fosse muito mais desenvolvida. Por isso concordo que o que está mal na tradução é realmente aquela nota de rodapé.
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Alguem



Joined: 11 Apr 2006
Posts: 2137
Location: Porto

PostPosted: Tue Jun 16, 2009 6:52 pm    Post subject: Reply with quote

Tim wrote:
Ainda não li a edição inglesa, mas consultei a passagem que referes e confirmo que está igual na edição que possuo. (...) lembrava-me perfeitamente desse excerto e da respectiva nota de rodapé, e por isso estava à espera que na edição inglesa essa passagem fosse muito mais desenvolvida.


Pois, foi o que pensei, atendendo à "famosa" nota de rodapé. E confesso que estava com uma certa expectativa de ver o texto inglês, porque calculei que iria assistir a um "engasganço" monumental da Didi, ocupando umas cinco linhas de texto, no mínimo... Laughing
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Al_Tereg



Joined: 02 Mar 2009
Posts: 1327
Location: Faro

PostPosted: Sat Jun 20, 2009 5:30 pm    Post subject: Reply with quote

Pois é, resolvi fazer uma pausa para descanso das leituras em inglês e comecei a ler em português A Aventura na Montanha. Smile
Foi o único livro da colecção que eu nunca tive na infância e que só recentemente a Straw me arranjou, pelo que, embora o tivesse lido, talvez pela Biblioteca da Gulbenkian, lembrava-me muito pior do que os outros, que reli diversas vezes.

Eu, se fosse tradutor, julgo que recorreria a toda a hora a notas de tradução em rodapé - há coisas que são muito difíceis de traduzir, se não impossíveis, e seria conveniente explicar aos leitores.
Nomeadamente, no que toca às tiradas da Didi (Kiki no original) em que ela brinca muitas vezes com palavras com o mesmo som (que, traduzidas para português, deixam de soar parecido, a maioria das vezes), ou que usa, como no caso que apontaste, canções, histórias e lengalengas inglesas.
O próprio facto de ela exclamar várias vezes "Pobre Lena" não faz sentido nenhum se não lermos o original. No primeiro livro eles vão para casa de uns tios da Dina e do Filipe - tio Renato e tia Lena e a Didi começa a dizer "pobre Lena", conquistando com isso o coração da senhora. No livro explica-se que a Didi dizia isso referindo-se a si própria, porque "Lena" era um nome pelo qual também era conhecida! Shocked Isto é muito estranho para um leitor português. Afinal ela chamava-se Didi ou Lena?
A explicação é simples: O nome original da Tia Lena é Aunt Polly (só por curiosidade o Tio Renato tem, no original, o lindo nome de Jocelyn Laughing). Ora Polly é o nome que geralmente na língua inglesa se atribui aos papagaios, tal como em Portugal nós usamos o Louro, ou como usamos o Bobi e o Tareco para cães e gatos.

Dizia eu que acho que as notas do tradutor fazem muita falta, contudo, no exemplo que deste, é o que se chama uma nota de tradutor desperdiçada, porque acaba por não explicar nada. Mas, de facto, a tradutora é muito fraquinha. Os primeiros 3 livros (Ilha, Castelo e Vale) são traduzidos por um tal J. Lencastre Cabral e, eu não andei a comparar as versões, mas não me parece mal traduzido; os 3 livros seguintes (Mar, Montanha e Barco) são traduzidos por esta senhora, Maria Helena Mendes, que fez um trabalho muito mau; os restantes dois (Circo e Rio) são traduzidos por um Vítor Alves e terei de os reler para ter uma opinião.

Também neste caso eu não ando a dar-me ao trabalho de comparar ambas as versões, apenas, como comecei a encontrar coisas que em português não faziam sentido, comecei a ir espreitar, nalguns casos, a versão original inglesa que também já tenho.
Uma das coisas que me chamou a atenção, foi facto de ser referido diversas vezes que o cabritinho (Branquito) tinha unhas! Shocked Como me parece óbvio que toda a gente sabe que as cabras têm cascos, fui verificar se o erro viria do original, mas não. A Blyton refere-se em todos esses casos a hooves (cascos).

Agora vejam só uns exemplos tirados das poucas páginas que agora mesmo acabei de ler:

Página 76:
Tradução: "Suponho que isto explica o que também ouvimos."
Original: "This explains why we didn't hear it" (Isto explica porque não ouvimos).
Podia ser apenas uma gralha, mas o facto de a tradutora pôr o "também" dá a entender que não foi isso. Como não acredito que ela não soubesse o significado de "we didn't", julgo que é apenas uma caso de leitura distraída que deu uma tradução em sentido inverso do original e que é absurda, porque eles tinham acabado de dizer 3 parágrafos atrás que não tinham ouvido.

Página 78:
Tradução: "Ouviu-se um guincho logo a seguir"
Original: "Then they heard a howl" (Então ouviram um uivo)
Nem refiro o then traduzido por "logo a seguir" quando faz muito mais sentido o "então", porque coisas dessas é em todas as frases. O que se passa é que eles referiam-se a lobos (mais tarde vem-se a saber que eram lobos de alsácia). Ora os lobos, e os cães por vezes, uivam. Guinchar, só se quando ganem, o que não era o caso. E howl é "uivo" e ponto final. Nunca pode ser traduzido por guincho. Basta consultar um dicionário.

Página 83:
Tradução: "Negro... quem?"
Original: "Black what?"
Tem de se explicar o contexto: o guia, que mal falava inglês viu algo atrás de uns arbustos e correu assustado gritando "Black, black". As crianças não sabiam o que ele tinha visto nem ao que se referia, por isso perguntaram "Preto, o quê?". Só mais adiante sabemos que ele tinha visto um homem negro. A tradução, do modo como foi feita, diz logo ao leitor que ele teria visto um negro, estragando o enredo.

Página 86:
Tradução: "Talvez pudéssemos afugentar esses lobos se lhes gritássemos todos... ao mesmo tempo... mas só um de nós não poderia...
- Tranquiliza-te! - Atalhou João, a rir. - "Que grandes olhos que tens avozinha!... E, oh! que DENTES tão grandes!
"
Original: "We could frighten those wolves away perhaps if we all screamed at them... but one of us might be... might be...
- Gobbled up! said Jack, and laughed. "What big eyes you've got, Granny! And, oh, what big TEETH you've got
"
([...] um de nós podia ser... podia ser...
- Engolido! - disse o João [...])
É óbvio que o João começou a gozar com a Maria da Luz, que é quem diz a primeira fala, fazendo uma referência à história do capuchinho vermelho. Mas traduzir "Engolido" por "Tranquiliza-te"? É que tem mesmo tudo a ver!... Razz

Bem, como podem ver estes exemplos foram tirados de apenas 10 páginas e nem as estive a comparar - fui apenas verificar o original quando as coisas não pareciam fazer sentido em português.
Portanto, imaginem só o que se passará nas 235 páginas do livro...

Em suma, a partir de agora, se tiver possibilidade, só leio mesmo em inglês. Os livros em português, se eu tiver o original, ficarão apenas para colecção.
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Miguel Freire



Joined: 21 Jul 2006
Posts: 681
Location: Porto

PostPosted: Sat Jun 20, 2009 9:47 pm    Post subject: Reply with quote

ENA! E isto é só uma análise sumária?!? Shocked Shocked Nem imagino como seria se fosses comparar os livros página a página Laughing

Tens toda a razão. Há muitas traduções descuidadas, especialmente em livros infantis / juvenis. Concerteza julgam que os jovens não prestam atenção a estas coisas.

Mas não é só nestes livros. Ultimamente tenho notado que as traduções são cada vez menos cuidadas - traduções literais de expressões ou frases sem adaptar ao português, falta de lógica, etc. - de tal forma que chegam a prejudicar a leitura do livro.

Estou à espera que a Relógio D'Água continue a publicação dos livros da colecção Aventura para ver como ficam. Nos três primeiroas a tradução é a mesma (J. Lencastre Cabral) mas agora incluem uma revisão de texto.
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Al_Tereg



Joined: 02 Mar 2009
Posts: 1327
Location: Faro

PostPosted: Sun Jun 21, 2009 6:46 pm    Post subject: Reply with quote

Miguel Freire wrote:

Estou à espera que a Relógio D'Água continue a publicação dos livros da colecção Aventura para ver como ficam. Nos três primeiroas a tradução é a mesma (J. Lencastre Cabral) mas agora incluem uma revisão de texto.


Hummm... será que a revisão do texto é no sentido de melhorar a tradução ou no sentido da censura politicamente correcta?

Se tens a nova edição, podias verificar a seguinte passagem, no quinto parágrafo do Capítulo IV do A Aventura na Ilha:
«João e Maria da Luz viram um homem de cor dirigir-se para eles. A pele era muito preta, os dentes muito brancos, e revirava os olhos de maneira especial.»

Esta é a tradução original do J. Lencastre Cabral, baseada no original da EB, como esta passagem foi alterada na edição inglesa dos finais de 80* para ficar politicamente correcta, gostava de saber o que aconteceu com edição portuguesa.

E o negro continua a chamar-se Jau?

*aqui comparei as versões inglesas (original e de 88 ).
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Miguel Freire



Joined: 21 Jul 2006
Posts: 681
Location: Porto

PostPosted: Mon Jun 22, 2009 8:09 pm    Post subject: Reply with quote

Al_Tereg wrote:
Miguel Freire wrote:

Estou à espera que a Relógio D'Água continue a publicação dos livros da colecção Aventura para ver como ficam. Nos três primeiroas a tradução é a mesma (J. Lencastre Cabral) mas agora incluem uma revisão de texto.


Hummm... será que a revisão do texto é no sentido de melhorar a tradução ou no sentido da censura politicamente correcta?

Se tens a nova edição, podias verificar a seguinte passagem, no quinto parágrafo do Capítulo IV do A Aventura na Ilha:
«João e Maria da Luz viram um homem de cor dirigir-se para eles. A pele era muito preta, os dentes muito brancos, e revirava os olhos de maneira especial.»

Esta é a tradução original do J. Lencastre Cabral, baseada no original da EB, como esta passagem foi alterada na edição inglesa dos finais de 80* para ficar politicamente correcta, gostava de saber o que aconteceu com edição portuguesa.

E o negro continua a chamar-se Jau?

*aqui comparei as versões inglesas (original e de 88 ).


Está igualzinho. E o Jau é Jau. Eu vi a comparação que fizeste e fiquei Shocked Shocked Então a pele passa a enrugada assim sem mais nem menos?

Esta edição pelo menos respeita o original. Espero, por isso, que a revisão de texto seja mesmo para corrigir gralhas e erros.
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