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rui sousa



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PostPosted: Sun Jan 08, 2012 10:13 pm    Post subject: Reply with quote


Este foi o primeiro filme que vi do Woody Allen na minha vida. Foi há cerca de cinco anos que vi pela primeira vez «A maldição do escorpião de jade», mais coisa menos coisa. Sei é que o primeiro Woody Allen que uma pessoa vê não se esquece. Vendo o que a crítica diz, bem, pois claro, a maioria arrasa o filme, mas eu gostei muito, tal como gostei da primeira vez que o vi. Tem uma história muito gira e um bom elenco, e é pena que seja um filme menos conhecido do Woody Allen. Com este filme se comprova que, mesmo de meia-idade, Allen é um génio da comédia. Ninguém lhe chega aos calcanhares, na sua personagem neurótica e muito cómica, que desta vez está metida numa espécie de policial que envolve um escorpião hipnotizador que um mágico de bar utiliza para o seu número e, mais tarde, para usar as suas vítimas para assaltos de jóias de valores exorbitantes (uma das vítimas será C. W. Briggs, detetive de uma agência de seguros interpretado por Woody Allen). Acho que é um filme que vale muito a pena ver, levezinho e divertido, mais uma grande pérola de um dos maiores nomes da comédia americana.

Nota: * * * * 1/2



Este cativante filme português retrata um tema que continua atual e ainda mais problemático nos nossos dias: a exploração infantil. Jaime, o protagonista que dá o nome à película, é um jovem que decide trabalhar para poder, um dia, atingir os seus sonhos, e poder ajudar a família, com os Pais separados e com muitos problemas. Além da exploração infantil, as relações familiares, a pedofilia e a vida das famílias de classe média-baixa doPorto, são outros dos temas de «Jaime». António-Pedro Vasconcelos fez um grande filme que marcou o cinema português, com um argumento muito real e bem escrito (difícil de encontrar no cinema da nossa língua, e também nos últimos filmes de Vasconcelos) e com o pequeno (agora já mais crescido) Saúl Fonseca, que na minha opinião está muito bem no papel de Jaime (pena que a sua carreira não tenha continuado). Um filme que fica na memória do espetador, que vale a pena ver e refletir.

Nota: * * * *
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rui sousa



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PostPosted: Sat Jan 14, 2012 3:03 pm    Post subject: Reply with quote



Antes de ter ido de partida para uma visita de estudo na quinta feira, vi este pequeno mas bom filme de David Cronenberg. É um filme que muitos poderão achar estranho ao princípio (principalmente por causa da personagem principal, interpretada por Ralph Fiennes, bastante surpreendente, na minha opinião), mas acho que vale a pena ver. Eu pelo menos gostei. Esta fita fala-nos de um homem com problemas mentais que irá recordar um caso perturbador que marcou a sua infância. À medida que o filme avança somos confrontados com novas revelações do passado de Spider, que nos leva a entender melhor, a cada cena, o que pensa aquela mente estranha ao nosso olhar, mas ao mesmo tempo interessante. Quem não viu, que veja. Passa num instante e é um bom filme.

Nota: * * * *
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rui sousa



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PostPosted: Tue Jan 17, 2012 8:43 pm    Post subject: Reply with quote



Aqui temos mais uma peça controversa, provocadora e brilhante da autoria de Michael Moore, que desta vez pretende atacar a administração Bush que, na altura, estava no poder, falando dos pormenores escondidos e dos bastidores de alguns acontecimentos que as pessoas nunca chegaram a saber, até este filme os divulgar. O filme pode ser considerado já obsoleto para alguns, pois é um filme mais de impacto inicial, auxiliado por alguma propaganda política datada. Sim, é verdade, uma pessoa, talvez, ficaria muito mais chocada ao vê-lo durante o período Bush. No entanto, gostei muito de ver este filme, que me revelou muito e que me fez perceber algumas incongruências do sistema americano. Vale a pena ver, garanto.

Nota: * * * * 1/2




«Moneyball - Jogada de Risco» é uma grande surpresa. Pelo menos para mim assim o foi. Porquê? Por ser daqueles filmes no mundo do desporto que me interessaram. E nessa lista não há muitos. Dos que me lembre, apenas o «Invictus» se encaixa nesta secção. Mas continuemos: Brad Pitt é Billy Beane, o diretor-geral da equipa de basebol Oakland A's, que refaz a sua equipa, através de uma estratégia usada com base em estatísticas e dados informáticos que avaliam os jogadores. Uma proeza que foi bem sucedida e que começou a ser usada e discutida por causa da tentativa bem sucedida de Beanes.
Com excelentes interpretações de todo o elenco e um argumento inteligente e muito bem escrito, «Moneyball - jogada de risco» não é um filme que se debruça demais sobre basebol (daí qualquer pessoa conseguir perceber o filme minimamente bem, sem precisar de se prevenir e ter um guia da modalidade o mais perto possível para consultar se surgissem dúvidas), nem uma história sobre os negócios que se fazem à volta da compra e venda de jogadores, neste e noutros desportos. É um filme sobre, basicamente, aquilo que todos os seres humanos (incluindo eu) deveriam ter obrigatoriamente como qualidade: a coragem para se atingir os objetivos, sem ter medo dos obstáculos. Um dos melhores filmes de 2011 e um forte candidato aos Oscares!

Nota: * * * * 1/2
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rui sousa



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PostPosted: Fri Jan 20, 2012 2:22 pm    Post subject: Reply with quote



Era uma vez, nesse grande e estranho país que se chama Estados Unidos da América, uma coisa chamada... cinema americano. Nele, uma dupla de irmãos iria destacar-se por revelar ao mundo obras que marcam um estilo muito próprio, com comédia, drama, e uma peculiar excentricidade, tudo em doses iguais. Esse estilo tornou inesquecíveis os filmes desses dois indivíduos e das figuras mais marcantes do cinema das últimas duas décadas.
Era uma vez os irmãos Coen. Filmes como «O Grande Lebowski», «Este País não é para Velhos», entre outros, tornaram-se ícones e marcos cinematográficos bem característicos da dupla de irmãos mais conhecida do mundo do cinema.
Um dos filmes mais populares e aclamados dos dois parentes é o que este espécime acabou de visionar ontem, que dá pelo nome de «Fargo». Um policial com muita comédia negra à mistura, um dos filmes mais representativos da carreira dos Coen.
Frances McDormand, William H. Macy e Steve Buscemi brilham nos papéis mais importantes da fita, rodeados por um vasto leque de atores que não lhes fica atrás em termos de qualidade. Joel Coen mostra ser um brilhante realizador e, em conjunto com o seu irmão Ethan Coen, provam mais uma vez serem excelentes argumentistas, criando uma história (baseada em vários casos verídicos) sobre Jerry (William H. Macy), um indivíduo que, para conseguir ganhar umas massas, pede a dois bandidos para lhe raptarem a mulher e pedirem o resgate ao abastado sogro, para depois Jerry ficar com metade e os gatunos com outra. Mais tarde, os criminosos vão estar envolvidos na morte de um polícia, o que faz que outra agente policial, Marge (Frances McDormand, vencedora do Oscar por este seu desempenho), uma mulher com um peculiar sentido de humor, comece a investigar o homicídio, entrando na alçada dos assassinos.
Na minha opinião, este é dos poucos filmes que vi na filmografia dos irmãos, o melhor deles todos. Ainda me faltam ver muitos, é certo, mas este filme de hora e meia é uma jóia cinematográfica, merecidamente reconhecida e aplaudida pela crítica e pelo público de todo o mundo. Recomendo vivamente «Fargo»!

Nota: * * * * *
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rui sousa



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PostPosted: Sun Jan 22, 2012 8:56 pm    Post subject: Reply with quote



O dia de hoje foi terrível para a minha pessoa. Acordei e dei um jeito ao pescoço, que ainda me causa dor neste momento. Bem, e estando eu a sofrer, decidi ver um filme cómico, para desanuviar a dor. Então, decidi-me pela comédia que nunca me canso de voltar a ver e que é um dos meus filmes preferidos: «Monty Python e o Cálice Sagrado».
Foi o filme que me abriu a porta para o extravagante e divertido mundo dos Monty Python, um universo onde o non-sense é tão importante como qualquer um dos indivíduos que faz parte deste grupo de humoristas, provavelmente o mais famoso e influente de toda a história da comédia. Este grupo é uma das minhas maiores influências, e que admiro pelo facto de, tanto hoje como quando se formaram, há mais de quarenta anos, continuarem a cativar gerações (como a minha!).
É provável que já tenha visto este filme umas dez vezes, mas é uma delícia rever. Tenho um carinho especial por este filme, gostando apenas um bocadinho mais do mesmo que do seguinte, «A vida de Brian». Talvez por ter sido o meu primeiro contacto com os Monty Python, goste mais deste, uma sátira completa à Idade Média e à lenda do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, com o final mais estúpido (pelo lado positivo) da História da Sétima Arte, o que comprova que estes lendários bretões (exceção à parte do americano Terry Gilliam) consumiam muito non-sense para a elaboração dos seus sketches e filmes, e que também sabiam sair do meio de encruzilhadas por falta de meios ou orçamento. Além da trama principal, sobre a procura, pela pandilha do Rei Artur, pelo cálice sagrado, neste filme metem-se também uma falsa bruxa (ou será que não?!), cocos que fazem o som dos cascos de cavalos (sim, por falta de orçamento para comprarem cavalos para o filme, os Monty Python criaram uma ideia de desenrascanço que se tornou um fenómeno de culto que dura até hoje!), cavaleiros que dizem «Ni», franceses com a mania que são bons, e tantas coisas mais! Digam o que disserem, esta é, sem dúvida, uma das melhores comédias de sempre da História do Cinema. Uma obra genial, impossível de ser ultrapassada, e que perdurará como um produto mais fresco que um arenque, durante uns bons séculos. Ou pelo menos, umas décadas. Ah, e já agora, tenham cuidado com o coelho assassino!

Nota: * * * * 1/2
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rui sousa



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PostPosted: Wed Jan 25, 2012 11:19 pm    Post subject: Reply with quote

Hoje, vi mais uma comédia, mas desta vez americana, e que é um clássico do cinema, que venceu dois Oscares em 1938 (não sei se foram comprados ou não, mas o filme até que é muito bom!), denominada «Não o levarás contigo», realizado por Frank Capra, responsável da obra prima do cinema que vi há uns tempos chamada «Peço a palavra» e do clássico «Do céu caiu uma estrela» que ainda tenho de ver.



Uma pequena nota para o DVD com o qual tive a oportunidade de ver esta fita. Aconteceu com este disco aquilo que me irrita solenemente, quando a questão são filmes antigos. Não sou picuinhas em relação a imagens todas em alta definição e outras coisas acabadas em "ão", mas irrita-me muito mesmo, quando vou ver um filme antigo em DVD, e o mesmo parece ter sido tratado da mesma forma com a qual eu trato o lixo. O estado em que a cópia deste filme foi apresentada era simplesmente deplorável. Não houve ali nenhuma tentativa de recuperação das bobines, nada. Som péssimo, imagem péssima, onde por vezes faltavam frames de filme e o ecrã ficava preto! Talvez isto fosse normal numa edição barata de uma editora de segunda... mas esta edição era da Sony! E não gosto nada quando, a ver um filme, estou a dar a mesma atenção tanto ao filme em si, como ao estado deprimente em que está a ser exibido.

Enfim, continuando... fiquei muito contente com a visualização desta comédia, com um toque de drama. É um filme "made in USA", sim senhora, com muitos clichés tradicionais das comédias desse país (e principalmente dessa época), só que esta consegue continuar a ser interessante hoje em dia. Tem atuações convincentes (nada de expressões demasiado exageradas nem nada dessas coisas que me desagradam imenso - daí eu não ter ficado convencido com a hora e meia que vi do «E tudo o vento levou» - desculpem-me, mas não fiquei admirado com aquilo), um argumento muito interessante e muito bem estruturado, baseado na peça de teatro homónima que deu ao seu autor o prémio Pulitzer. É um filme bonito, que apresenta uma moral que hoje, mais do que nunca, mantém-se muito atual, e uma pessoa vê este filme e fica contente de o ter visto. Pode não ser uma obra prima de Capra, mas é um filme que não desilude pelo seu conteúdo.

A história é simples de ser explicada: temos um par de pombinhos, interpretados por James Stewart e Jean Arthur. A família de James Stewart é muito abastada, toda snob e, obviamente sem interesse nenhum. Já a família de Jean Arthur é toda maluca, no bom sentido. Quer dizer, para mim uma família maluca é a que vive numa casa onde se ouvem rebentar foguetes de cinco em cinco minutos, cair sempre o mesmo quadro e ninguém já se importa porque se tornou um hábito, onde, do meio do nada, um xilofone e uma harmónica começa a tocar e de repente toda a gente começa a dançar, enfim... Mas esta família é uma família feliz, humana e humilde. Já a família de Stewart, são arrogantes, são pessoas que só se dão com a alta sociedade... pessoas que não têm uma vida assim muito interessante, a meu ver.

Como já vos disse, gostei muito desta comédia de costumes, divertida e densamente carregada de humanidade, e através da qual podemos retirar o ensinamento que esta vida é curta, e por isso, deve ser vivida ao máximo, tentando que nunca seja desperdiçada e que aproveitemos cada dia da nossa existência para sermos simpáticos uns para os outros, fazer amigos e apoiar a nossa família e pessoas mais chegadas. Um tesouro escondido do cinema, que deveria ser mais conhecido.

Nota: * * * * 1/2
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rui sousa



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PostPosted: Sat Feb 04, 2012 11:25 am    Post subject: Reply with quote



A minha vida estudantil (que se resume, basicamente, a algo entre o "estudar de quando em vez" e o "olhar para uma parede branca como a neve") não me tem permitido, ultimamente, que a minha mente se foque mais naquilo que eu gosto mesmo de passar o tempo: a "absorção" de cultura.
Contudo, ontem à noite, como tinha um dia para pausa desta rotina cansativa e algo desnecessária, diga-se, pude ver esta pequena (mas boa!) fita dos irmãos Coen, «Blood Simple - Sangue por Sangue».
Este filme é um thriller muito intenso, com uma história muito boa e interpretações excecionais de todo o elenco. Acho que, depois de se ver «Simple Blood», ninguém lhe pode ficar indiferente.
Foi com este filme que os Coen lançaram a sua brilhante carreira. Um filme que é uma obra-prima - o que é raro acontecer, logo para um primeiro trabalho - e que, injustamente, não é muito referenciada quando se fala desta dupla. Sim, claro, «Big Lebowski» (filme que achei mediano) deixou um legado espantoso que dura até hoje, «Fargo» é, também, um filme espetacular, mas... e «Blood Simple»?
Em vez dos Coen terem feito este filme com aquele tom de comédia negra e judia em que se ambientam muitos dos seus posteriores filmes, aqui apostam numa atmosfera tensa, de cortar a respiração (odeio esta expressão, mas acho que é a que condiz com a minha perspetiva do filme) e de deixar o espetador de boca aberta (falo por mim... a dada altura do filme, é que reparei que não tava com a boca fechada). Uma verdadeira obra prima do cinema americano e do género thriller, com um argumento excelente e que pode dar algumas voltas à cabeça de alguns durante a sua visualização (mas basta seguir a fita com atenção e não se perde nada.).

Nota: * * * * *



Na minha (triste e ridícula) opinião, acho que não se devem fazer comparações entre livros e suas respetivas adaptações cinematográficas. Porque muitas vezes, o filme pode não ser uma boa adaptação da obra literária, mas nem por isso deixa de ser um bom filme. As coisas são é feitas de uma maneira diferente do que na palavra escrita.
Digo isto porque eu não li a obra homónima (da autoria de Thomas Mann) de que Luchino Visconti se serviu para realizar este «Morte em Veneza». Antes de ter decidido que ia ver o filme, li algumas críticas na internet (assim lidas na vertical, para não ter de apanhar um ou outro spoiler) e algumas pessoas diziam não terem gostado do filme por a adaptação não ser fiel.
Mas ontem à noite (e terminando hoje de manhã) tirei a prova dos nove e vi «Morte em Veneza». E gostei.
Mas antes de passar a uma pequena crítica ao filme, gostava de salientar a técnica de marketing que os senhores da Warner Brothers, responsáveis pela edição em DVD, decidiram tramar. Ora então, eu li a contracapa do DVD antes de começar a ver o filme, e a sinopse diz isto: "O Compositor Gustav Aschenbach (Dirk Bogarde), de férias no estrangeiro, parece um homem reservado e civilizado. Mas o encontro inesperado com alguém de rara beleza vai o inspirar a se entregar a uma paixão oculta que pressagia um trágico destino".
Bem, quando se fala no "alguém", eu pensei que seria uma rapariga (riam-se, riam-se à vontade, que eu não fico incomodado). Também a capa do DVD dava a parecer que o alvo da paixão do compositor fosse uma fêmea. Mas não. É um rapazinho, com ar meio andrógino, diria eu, de nome Tadzio. E, no princípio do filme, ainda tive dificuldade em ver se era rapaz ou rapariga (e só descobri quando pronunciaram o nome dele). Mas perceberam a técnica que os da Warner puseram em prática? Como se aperceberam que, se dissessem que era um rapaz, isso poderia afastar eventuais compradores e visualizadores da obra, decidiram deixar em aberto e dizer apenas que se tratava de "alguém". E eu, que caí que nem um patinho, deixei-me levar. Até porque tinha também a impressão de que fosse uma mulher, porque me lembrava que era isso que tinha visto no início do filme que vi uns anos na RTP2. Mas acho que isso não prejudicou a minha visualização do filme. Foi só o espanto inicial. Mas pronto, prosseguindo para a crítica propriamente dita:
Quando se fala em «Morte em Veneza», deve-se ter em vista três coisas: primeira, a grande (e muitas vezes obsessiva) atenção ao detalhe por parte de Luchino Visconti; a segunda, a grande interpretação do ator (que para mim era desconhecido) Dirk Bogarde, e terceira, a maravilhosa música de Gustav Mahler. Acho que «Morte em Veneza» só me fez apreciar mais do que esperava pela música (o que comprova que a banda sonora de um filme, se bem escolhida, pode dar muito mais poder à fita do que se não a tivesse). «Morte em Veneza» é um espanto a nível visual, mas não tanto a nível de argumento. Mas as interpretações são muito boas, e o pouco que o argumento tem assim de excelente consegue passar despercebido pela realização atenta e minuciosa de Visconti.
«Morte em Veneza» não é um filme para todos. Não é uma fita que eu vá agora aconselhar a sua visualização a todos os meus colegas e amigos, por ser algo lenta e com pouca "ação". Mas eu gosto de ir para além das minhas preferências e descobrir coisas novas. E para mim, este primeiro filme que vi de Luchino Visconti foi uma boa surpresa. Acho que deve ser um filme que melhora a sua visualização com o passar do tempo. Talvez... Daqui a uns dez anos volto a ver o filme e depois confirmo.

Nota: * * * *
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Paulex



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PostPosted: Sun Feb 05, 2012 10:54 pm    Post subject: Reply with quote

Grandes críticas, Rui! E grandes filmes! Embora só tenha vistos alguns: Invictus, Monty Python e o Cálice Sagrado, Fargo e Jaime.
Infelizmente, há uns dias atrás tive oportunidade de ver, pela primeira vez, A Maldição do Escorpião de Jade, mas adormeci na parte melhor, com muita pena minha, e fiquei sem saber o fim. Fica para a próxima, mas não devo perder, porque de facto deve ser fantástico! Very Happy
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rui sousa



Joined: 13 Dec 2006
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PostPosted: Mon Feb 06, 2012 3:09 pm    Post subject: Reply with quote

Paulex wrote:
Grandes críticas, Rui! E grandes filmes! Embora só tenha vistos alguns: Invictus, Monty Python e o Cálice Sagrado, Fargo e Jaime.
Infelizmente, há uns dias atrás tive oportunidade de ver, pela primeira vez, A Maldição do Escorpião de Jade, mas adormeci na parte melhor, com muita pena minha, e fiquei sem saber o fim. Fica para a próxima, mas não devo perder, porque de facto deve ser fantástico! Very Happy


eh eh eh obrigado Paula! Very Happy

Acho que vale a pena ver «A maldição do Escorpião de Jade» até ao fim. Eu pelo menos gostei muito, e recomendo! Wink

Entretanto, no fim de semana, vi mais um filme:



Eu sempre gostei do Velho Oeste americano, gosto esse que foi muito alimentado pelas toneladas de banda desenhada do Lucky Luke que li durante alguns anos, que me ajudaram a saber de cor a maneira como as pessoas viviam naquela época, os seus costumes, todos os elementos que fazem desta parte da História da América um objeto de estudo muito interessante.
«Little Big Man» é um filme que nos transporta para o far-west americano, uma época que se tornou mitológica na História Americana e que sobre a qual existem inúmeros filmes, livros, séries de TV, etc. Mas neste western, o espetador não segue a história de um herói valente e destemido, tal como mostravam as personagens de John Wayne, metido constantemente em lutas contra individuos da pior espécie.
Em «Little Big Man», acompanhamos a história ficcional de Jack Cribbs, um homem centenário (interpretado por Dustin Hoffman, irreconhecível, diga-se - interpreta a velhice e a juventude de Crabb) que conta a um jovem jornalista as suas aventuras por terras dos índios Cheyenne, que por eles foi criado desde pequeno, as peripécias em que esteve envolvido com personagens reais, como o General Custer (comandante da Cavalaria durante a Guerra Civil Americana e nos conflitos contra os índios) e também o célebre pistoleiro Wild Bill Hickok, e por fim, sabemos os restantes pormenores da sua vida: os seus amores, as pessoas que vai conhecendo e os negócios em que se envolve, e tantas coisas mais.
Sinceramente, adorei «Little Big Man», por ser um filme que não tem qualquer tipo de artifícios nem floreados (tenta recriar o universo do Oeste ao máximo), e consegue equilibrar grandes momentos de comédia com cenas dramáticas que não lhes ficam atrás. A realização de Arthur Penn é rápida e fluente, e todas as interpretações são excelentes. «Little Big Man» tornou-se um filme que faz parte da História da América, revelando muito o que o movimento New Hollywood trouxe de novo ao Cinema Americano a partir de um dos seus mais conhecidos realizadores.

Nota: * * * * *
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green man



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PostPosted: Thu Feb 09, 2012 9:46 pm    Post subject: Reply with quote



Gostei do filme. As histórias que o Clint Eastwood nos conta são sempre interessantes e muito bem filmadas. O Leonardo DiCaprio não é um dos meus actores favoritos mas reconheço que tem neste filme uma boa interpretação. Não me admirava se ganhasse o Óscar de melhor actor este ano. Os actores estão todos muito bem. Gosto sempre da Judi Dench, gostei bastante da Naomi Watts e também do Armie Hammer.
Para além da história do homem que criou o FBI - Federal Bureau of Investigation e toda a politica e investigações que estiveram ligados à criação do que é hoje o FBI, o que mais me interessou foi a sua história pessoal. J. Edgar Hoover era um homem conturbado, com muitas particularidades, que cresceu com uma mãe possessiva e castradora e que viveu uma vida muito solitária pela sua maneira de ser e pelas suas convicções. Talvez só alguém assim fosse capaz de criar uma instituição como o FBI. Nada acontece por acaso.
Não é difícil compreender o interesse de Clint Eastwood neste personagem e na sua vida apaixonante e triste. E ainda bem porque como o próprio J. Edgar disse, 'Uma sociedade que não quer aprender com o passado está condenada. Nunca devemos esquecer a nossa história.'.
E eu gostei de conhecer e aprender com esta história.
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rui sousa



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PostPosted: Fri Feb 10, 2012 7:39 pm    Post subject: Reply with quote

Tenho uma grande curiosidade em relação ao «J Edgar». O trailer, quando o vi no cinema, espantou-me imenso, tinha um grande "poder". Quero ver se o vejo por estes dias. Very Happy

entretanto, vi mais um filme:



Se vos disser que o filme que vi ontem fala de um artista que pretende ser o maior do mundo e cujo Pai pretende incutir nele as habilidades que ele próprio, quando era pequeno, não teve oportunidade de as alcançar, irão pensar que «Shine» é apenas um filme vulgar, propício a qualquer transmissão de sábado à tarde da SIC ou da TVI.
Contudo, «Shine» não é isto. Ou melhor dizendo, parte da história da película é isto, acompanhada com um ou outro cliché usado no cinema. Só que este filme tem a particularidade de ser brilhante e excecional, tendo apenas essa pequena entrave que não estraga a sua visualização - que, ao contrário dos filmes de sábado à tarde, os destrói completamente.
E porquê?
Porque o espetador pode encher o regalo com, além da grande realização e o estupendo argumento do filme, a magnífica performance do ator Geoffrey Rush - artista que eu muito admiro -, merecidamente vencedora de Oscares e tudo o mais. Não há palavras para a sua interpretação do pianista genial David Helfgott, um prodígio que é protagonista do filme, e a sua vida o mote da ação.
«Shine» é um filme marcante e profundo que toca a qualquer tipo de espetador. Como referi, a princípio, o filme pode deitar cá para fora um ou outro cliché, mas acho que tudo o resto, como é excelente, consegue fazer superar esse pequeno pormenor. Com uma grande carga emocional e uma excelente seleção de banda sonora, «Shine» é um filme magnífico e um soco de humanidade e humildade para todos, independentemente de se gostar de filmes deste género ou não. A ver!

Nota: * * * * *
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PostPosted: Sat Feb 11, 2012 12:42 pm    Post subject: Reply with quote



Esta última aparição cinematográfica do «Little Trump» a personagem do vagabundo criada e interpretada por Charlie Chaplin, é uma grande sátira política e social e uma lição de vida e de humanidade, que felizmente perdura até aos nossos dias, tornando-se, tal como outros filmes de Chaplin (como «O Grande Ditador»), um precioso documento histórico sobre o tempo em que foi filmado e os problemas que a sociedade de então tinha com que se confrontar (neste caso, a industrialização americana durante os anos 30).
«Tempos Modernos» leva-nos a entender que os nossos gestos e expressões podem dizer muito mais que as palavras. Aliás, era esse um dos objetivos de Charlie Chaplin, com este seu último filme mudo (embora com algumas partes faladas), que, durante muito tempo, combateu com a novidade de então: a introdução do som na arte cinematográfica.
Aliás, o que tem graça ver em «Tempos Modernos», tal como noutros filmes mudos de Chaplin, é a sua habilidade de mimo e do seu enorme talento para a comédia física - muito mais aperfeiçoada, digamos, nestas longas metragens. Se alguém se se lembrasse de sonorizar este filme, seria o apocalipse total.
«Tempos Modernos» é, além de uma poderosa e inspiradora crítica ao modo de trabalho americano e ao método de produção em série (que, na altura, começava a estar na moda), um filme que, à semelhança de outras obras-primas do grande artista (e para mim figura maior da Sétima Arte), nos quer fazer entender que a vida deve ser levada a sorrir, e que as pessoas devem sempre, mesmo quando estão a ser confrontadas com a maior das dificuldades, ter esperança num futuro melhor. Uma magnífica peça cinematográfica, intemporal e inesquecível.

Nota: * * * * *
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green man



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PostPosted: Mon Feb 13, 2012 9:49 pm    Post subject: Reply with quote



Não me deslumbrou como estava à espera. Talvez, pelo que li, tivesse grandes espectativas em relação a este filme sobre o qual tanta gente me dizia maravilhas. O filme está engraçado, o actor principal, Jean Dujardin, está muito bem, representa a 100% um galã de Hollywood no tempo das fitas mudas e o cão merece um Óscar. Depois disso, a história não é nova, a passagem dos filmes mudos para sonoros já foi retratada, e bem, em outros clássicos, e o argumento é simples e não é, na minha opinião, um grande filme que faça história nem que fique na memória e nas recordações de muita gente. Está engraçada a recriação, mas nada mais.
É um filme que, se puderem, devem ver numa sala de cinema. Em casa, numa televisão, ainda perderá um pouco mais a magia.
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rui sousa



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PostPosted: Thu Feb 16, 2012 8:21 pm    Post subject: Reply with quote



«O Padrinho - Parte II» mostrou, pela primeira vez, que a sequela de um filme poderia ser tão boa como o seu antecessor, ou até para muitos, melhor.
Este segundo capítulo centra-se mais na personagem de Michael Corleone (Al Pacino numa interpretação indescritível), embora a caminhada de ascensão do novo Don seja intercalada pela história das origens do seu Pai, Vito Corleone (interpretado por um impecável Robert de Niro), onde percebemos a causa de se ter metido no mundo dos negócios obscuros da máfia.
Que há mais para dizer desta extraordinária sequela, inigualável e, na minha opinião, tão boa como o primeiro filme (se escolhesse entre um ou outro, acho que estaria a ser injusto, se bem que ver "o" primeiro filme dá-nos aquela sensação da descoberta da obra-prima. A sequela continua o conceito de alta qualidade do primeiro capítulo, mas falta esse pequeno "gostinho")?
Acho que fico mesmo sem o que dizer. O que é pena, porque sempre que tento escrever sobre filmes tão bons como este fica sempre muito para dizer que só mais tarde é que me irei lembrar.
Só digo é que, se me pedissem para escolher uma sequela, uma única, para recomendar a alguém, seria esta.
Tal como o primeiro filme, a perfeição irradia por todos os seus poros, se bem que goste um bocadinho mais da música deste filme (e principalmente, da música final - que é algo de magistral e super-hiper-épico!). Mas de resto...
... e depois de ver uma sequela destas, uma pessoa ainda pensa: «e ainda tinham de fazer o terceiro?». E pois, claro, depois o Coppola queixa-se que há quem lhe peça uma parte IV... depois disso nunca mais pára, e nunca se irá conseguir chegar a este aroma épico e divino que têm os dois primeiros filmes de «O Padrinho». Duas obras primas que eu considero as únicas que toda a gente deve ver, obrigatoriamente, antes de morrer, e são sempre os primeiros filmes que recomendo a qualquer pessoa. Todos têm de ver «O Padrinho» e esta encantadora sequela «O Padrinho - Parte II»

Nota: * * * * *



«O amigo americano», de Wim Wenders, contém, além de boas interpretações por parte de Bruno Ganz e Dennis Hopper, um filme que se baseia no livro «Ripley's Game». Desconhecia esta adaptação da obra, tendo ouvido apenas falar da mais recente, com o John Malkovich (e comparando este filme com o que eu vi, diria que, pelo pouco que vi do mais recente, nada tem a ver com o mais antigo). A película fala-nos de Jonathan, que tem uma doença com desconhecidas hipóteses de sobrevivência. Com essa informação, um líder criminoso aproveita-se de Jonathan e torna-o um assassino a soldo da máfia, auxiliado por Mr Ripley, que deixa para Jonathan os trabalhos que ele não quer fazer.
Se bem que a história tem alguns estereótipos e os próprios atores não façam o seu trabalho da melhor maneira, acho que vale a pena ver «O amigo americano», que entretanto se tornou um filme de culto, com o passar dos anos. Um bom thriller para quem gosta do género.

Nota: * * * *
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rui sousa



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PostPosted: Sat Feb 18, 2012 12:08 pm    Post subject: Reply with quote



Roman Polanski é um realizador que eu muito admiro, sendo um dos meus preferidos. Gosto da sua maneira muito particular de ver o cinema e de fazer filmes, visão essa que lhe permitiu criar obras primas como «O Pianista», «A semente do Diabo» e «Chinatown». Este último foi o filme que vi no dia de ontem.
Adorei «Chinatown» por não se limitar a ser um filme policial banal como abundam muitos desse género nos EUA. Além de ter uma história excelente e um argumento, da autoria desse veterano chamado Robert Towne, digno do Oscar que recebeu, este filme conta ainda com as magníficas interpretações de Jack Nicholson, Faye Dunaway e John Huston, e lá pelo meio, Polanski faz um cameo no seu próprio filme (cameo surpreendente, diga-se!).
«Chinatown» levou Polanski a regressar aos EUA, após de lá ter saído devido ao assassínio da sua mulher Sharon Tate. Mesmo ainda com as mágoas do passado, Polanski (como diz o próprio num extra do DVD) decidiu regressar à pátria do Tio Sam porque achou que a história tinha de ser filmada. E ainda bem que o fez, porque senão, não conheceríamos Mr Gittes e a sua investigação a um estranho caso que envolve planos enganosos envolvendo... água. Pois, invulgar, não?
«Chinatown» é daqueles filmes que se pode designar «feito no momento certo, à hora e no lugar certos». O cinema seria o mesmo sem «Chinatown»? Penso que não. É por isso que recomendo a 100% que se veja este fantástico thriller, em homenagem ao film noir e à América dos anos 30, e que é um dos maiores marcos da carreira de Polanski.

Nota: * * * * *
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PostPosted: Sun Feb 19, 2012 1:22 pm    Post subject: Reply with quote


Não há humor como o que fizeram os Monty Python. E «A Vida de Brian» comprova isso mesmo. Hoje de manhã apeteceu-me rever (pela milionésima vez) esta grande comédia satírica, e assim o fiz. Embora não ache este filme tão bom como o seu antecessor, o do «Cálice Sagrado» (um filme que sei praticamente de cor), acho que «A vida de Brian» foi um filme muito importante no sentido de ter mostrado que tudo era sujeito a ser alvo da comédia, independentemente da polémica que pode causar. E, atenção, eu sou católico, mas adoro os Monty Python, e apesar deste filme não me fazer rir tanto como o anterior, tem excelentes momentos de comédia e que não pretendem ferir as crenças de ninguém.
Eu aprendi a rir-me de tudo, até de mim próprio. E encontro aqui um filme que não critica exatamente o catolicismo, mas mais a religião no geral, o fanatismo e os épicos bíblicos de Hollywood (que nunca me entusiasmaram, confesso). Acho que, nesta nossa vida, que é tão curta, porque é que não nos podemos rir de tudo o que quisermos? Afinal, estamos todos para o mesmo, a morte é inevitável, independentemente do que cada um acredita. Basta aproveitarmos o tempo que temos e olharmos para, como reza a canção deste filme (que sempre que eu a ouço, é capaz de mudar a minha postura de macambúzio deprimido a um indivíduo pateta e alegre), o «bright side of life».
«A vida de Brian» pode não ter cocos a fazerem de cavalos ou coelhos com tendências assassinas, mas tem falsos profetas, dois indivíduos que têm uma fala esquisita (e um deles com um nome pouco usual!) e que são o alvo de chacota de toda a Judeia, a Frente Popular Judaica (e os rivais da Frente Judaica Popular), extraterrestres, e tantas coisas mais!
Não percebo como é que há pessoas que podem ficar ofendidas com um filme como «A Vida de Brian». É divertido, inteligente, repleto de non-sense (mas não tanto como no «Cálice Sagrado» - talvez por isso goste um bocadinho mais desse) e de piadas fenomenais. Qual é o mal?
Para quem quiser rir um bom bocado sem precisar de piadas rascas e de filmes de sábado á tarde, tem uma ótima escolha em «A Vida de Brian»! Um grande clássico da comédia, que felizmente continua a fazer rir hoje.

Nota: * * * * 1/2
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PostPosted: Mon Feb 20, 2012 12:53 am    Post subject: Reply with quote



Quando comecei a ver «Straw Dogs - Cães de Palha», o interesse demorou algum tempo a surgir. A primeira meia hora de filme foi mais banal e menos interessante. Mas à medida que a história se ia desenrolando, não conseguia parar o DVD deste filme. A certa altura, o filme tornou-se tão "viciante", tão chocante, tão... diferente, que me colou ao ecrã até ao fim da fita.
«Cães de Palha» surge como uma reflexão sobre a violência no ser humano. O filme, que era polémico na altura e acredito que ainda seja hoje (ao contrário de muitos filmes com já uma certa idade que perderam a sua polémica inicial), porque é um filme que, além de agressivo, atira com tudo à cara de quem o vê, como se nos dissesse algo do género: «Vêde! Vêde como o ser humano pode ser inexplicável e violento quando quer. Vedes que eu tenho razão, hmm?».
Pois é, Sam Peckimpah não está para brincadeiras. É preciso uma quantidade de litros de sange suficiente para encher uma piscina e o máximo de janelas partidas possível para mostrar ao ser humano o quão real este filme é? Então vamos a isso!
Como afirmei, «Cães de Palha» é, ao início, um filme vulgar e menos interessante. Mas caramba, a dada altura até pensava se estava a ver outro filme.
Destaque para a representação brilhante de Dustin Hoffman, no papel de um matemático choninhas que vai viver com a mulher, britânica, para uma casa no país de origem dela. Só que depois, sucedem-se coisas que não são lá muito desejáveis para quem planeia ir para o campo aproveitar a paz e o sossego. Comparado a isto a cidade é p'ra meninos!
Muito recomendado. Não fosse a meia hora inicial e estaríamos perante uma obra prima. Mas vale a pena ver, claro!

Nota: * * * * 1/2
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PostPosted: Mon Feb 20, 2012 6:14 pm    Post subject: Reply with quote



Uma história familiar e fortemente emocional é o que o espetador pode encontrar em «O Quarto do Filho» de Nanni Moretti, um drama carregado de uma grande sensibilidade (daquele género de sensibilidade muito peculiar e característico do cinema italiano) e com um toque humano e muito realista.
Nanni Moretti mostra, com «O Quarto do Filho», que sabe tocar a alma das pessoas sem precisar de achincalhar ou de recorrer a manipulações idiotas e mais "hollywoodescas", contando a história de um psicanalista que encara com o triste destino de um dos seus filhos.
A curiosidade da história é a perspetiva pouco habitual da personagem principal. Não por ser uma mente louca ou complexa, mas por se tratar de uma pessoa cuja profissão é ajudar a resolver problemas psicológicos ou emocionais dos seus pacientes.
Destaque também para as grandes interpretações de todo o elenco, especialmente de Nanni Moretti, Laura Morante e Jasmine Trinca (que, dois anos mais tarde, brilharia no épico «A Melhor Juventude»).
Um grande filme que mereceu a Palma de Ouro que lhe foi atribuída. Vale muito a pena.

Nota: * * * * 1/2
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PostPosted: Tue Feb 21, 2012 12:43 am    Post subject: Reply with quote



Não percebo como é que filmes como este não entraram no circuito comercial português. É que o filme tem tudo o que poderia trazer espetadores e, por isso ainda podia render um bom dinheiro no nosso país. É um filme totalmente comercial, nada de experimentalismos ou cinema de autor, e no entanto, por cá nunca se ouviu falar dele.
Pude vê-lo numa sessão especial gratuita, hoje, no cinema Nimas, incluído numa Mostra de Cinema Italiano Contemporâneo, promovido pelo Instituto Italiano da Cultura. Estas sessões ocorrem de quinze em quinze dias, com seis filmes desconhecidos da distribuição feita por cá, e todos legendados em inglês. Ah, e todos à borliu!
Mas falando do filme em si. Vale a pena? Vale, porque não é um mau filme. Contudo, também não é uma fita memorável, que ficará para a História do Cinema. Isto é, também depende da sensibilidade de cada um. Acho que este filme é um desses que se engloba no género de "algumas pessoas adorarem, não por o filme ser bom, mas por lhes tocar particularmente".
Dou-vos o meu caso: eu achei o filme mediano, mas já os meus Pais pura e simplesmente adoraram-no. Mas acho que isso se deve muito mais ao tema do filme que à sua qualidade.
E qual é o tema do filme? É a doença de Alzheimer.
Não quero dizer que eu seja uma besta insensível que, por isso, não achou este filme nada de especial. Contudo, já vi filmes muito melhores sobre o tema (caso de «O Filho da Noiva», de Juan José Campanella, que é um filme muito bonito e muito bem feito). Os meus Pais tiveram casos de Alzheimer na família, com os quais conviveram fortemente (eu tive o da minha Avó materna, só que foi quando eu era muito novo ainda - embora tenha memórias desse tempo), e por isso identificaram-se muito com a fita.
Só que eu acho que, na minha opinião de apreciador de cinema, não é assim que se julga um filme. Mas pronto, cada um tem os seus gostos. Eu tendo a avaliar um filme no geral.
A nível de atores, acho que não me posso queixar. Destaco principalmente o casal protagonista do filme: a mulher que trata o marido, doente de Alzheimer. E o que achei mais interessante nesta película foi o lado da perda ou da danificação da memória do marido, quando, a dada altura, começa a confundir a sua infância com a realidade.
A nível de argumento, é médio, assim como de realização. E digo isto porque passa tudo a correr. O final vem assim do nada, e todo o filme é um desenrolar de acontecimentos que não dão muito espaço ao espetador para se interiorizar no filme, pelo menos na minha opinião. Tive a impressão que, durante todo o visionamento de «Una Sconfinata Giovinezza» não estava a ver um filme, mas sim um trailer em formato XL, em que os acontecimentos se sucedem diante da nossa vista sem que, às tantas, saibamos bem o que nos querem mostrar ou o porquê da velocidade de tudo aquilo. Está bem que o filme tem apenas hora e meia, mas não é razão para o filme sair assim. Realizadores como os Coen ou Woody Allen sabem fazer grandes fitas de 90 minutos ou menos, e sem precisarem de grandes meios de produção ou grandes orçamentos. Houve muita coisa que não se aproveitou, o que foi pena, porque os atores estavam excelentes.
Mas pronto, acho que vale a pena ver o filme, mesmo que não seja nada de especial. É um filme que, para muitos, irá ser ótimo pelo lado mais sensível. Mas fica muito aquém de outros filmes que abordam muito melhor e muito mais eficazmente o problema gravíssimo que é ter alguém próximo de nós com Alzheimer.

Nota: * * * 1/2
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PostPosted: Sat Feb 25, 2012 2:45 am    Post subject: Reply with quote



Foi uma enorme alegria para mim rever esta obra prima, «Era Uma Vez na América». Adorei tudo o que tinha adorado no primeiro visionamento: o forte marco que a extraordinária banda sonora de Ennio Morricone deixa a quem vê o filme, as excelentes interpretações de Robert de Niro, James Woods e todo o restante elenco, e uma história e realização magníficas. Voltei a sentir aquele arrepio na espinha de que todos estes excelentes elementos provocam em conjunto. «Era Uma Vez na América» é fantástico, e de visualização obrigatória. Pudesse grande parte dos realizadores deixar uma última obra como esta, tudo seria diferente. Mas só alguns conseguem esse feito, e Sergio Leone foi um desses Grandes.

Nota: * * * * *



Já disse várias vezes mas volto a repetir: sempre que penso no conceito de "cinema", o primeiro nome que me vem à mente é o do Grande Charlie Chaplin. É o meu grande ídolo, e há muito tempo que esperava ver esta adaptação cinematográfica da sua vida. Vi-a ontem, e posso dizer que gostei, sim, ao contrário de muitas críticas negativas que o filme recebeu.
Não é um mau filme, o que acontece é que muitas vezes os críticos não criticam um filme pelo seu conteúdo mas por algum pormenor que não gostaram. Mas há uma coisa que tenho de concordar com muitos críticos: a vida de Chaplin foi muito, muito mais interessante do que o que foi apenas mostrado no filme. Contudo, não é por isso que o filme é uma bodega. Eu gostei, gostei da interpretação de Robert Downey Jr (e da surpreendente atuação de Geraldine Chaplin a fazer da sua própria Avó!) e da realização de Richard Attenborough (embora houvesse uma ou outra cena que, se fosse eu, me escusaria a fazer), gostei da homenagem que foi feita ao Mestre Chaplin com este filme. Não se pretendeu achincalhar a figura do criador do "Little Tramp". Abordou-se mais os escândalos em que Chaplin esteve envolvido do que propriamente os filmes que fez, mas acho que é um bom tributo ao grande artista. Talvez esteja para ser feito um filme melhor, mais elaborado, com mais coisas importantes a reter sobre Charlie Chaplin que neste filme fora postas de lado, mas para já esta fita é boa, e por isso aconselho a sua visualização.

Nota: * * * *
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Last edited by rui sousa on Sun Feb 26, 2012 3:07 pm; edited 1 time in total
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bonecadeporcelana



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PostPosted: Sat Feb 25, 2012 7:55 am    Post subject: Reply with quote

Um filme que estou com muito interesse em ver é um sobre a vida da poetisa Florbela Espanca. Creio que vai estar em exibição no cinema por estes dias.
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rui sousa



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PostPosted: Sun Feb 26, 2012 3:06 pm    Post subject: Reply with quote

Eu por acaso não estou muito curioso. Na Biblioteca do Palácio Galveias, onde costumo ir, está um cartaz do filme e uma televisão que passa ininterruptamente o trailer do filme, e pelo que vi não me interessou muito. É uma biografia à portuguesa, ficcionada demais e sem chegar ao que interessa. Mas talvez eu esteja enganado, não sei.

O filme vai ter ante-estreia para a semana no Cinema São Jorge e vai ter um método de distribuição semelhante ao que teve o «Filme do Desassossego» de João Botelho: vai andar em digressão pelo país, o que é uma estratégia mais lucrativa e que traz mais gente ao cinema.

Entretanto, vi ontem «Este País Não é Para Velhos» dos Irmãos Coen.



Adoro os irmãos Coen. O seu estilo, a sua maneira muito própria de contar uma história no grande ecrã, a acertada seleção de atores que costumam fazer nos seus filmes.
«Este País Não É Para Velhos», vencedor de quatro Oscars em 2008, contém os ingredientes a que os Coen já habituaram os seus seguidores. Profundo e negro, cativante e inovador, este filme consegue ter um ambiente de thriller muito semelhante ao primeiro filme (e primeira obra-prima) da dupla de irmãos mais conhecida do cinema da atualidade, «Blood Simple - Sangue por Sangue» (embora este filme consiga ser um pouco mais negro e menos sangrento), e uma estética muito familiar e que os Coen já tinham usado em «Fargo».
Adaptação do livro homónimo do premiado com o Pulitzer Cormac McCarthy, «Este País Não é Para Velhos» é um espanto, e mais uma obra prima a juntar à carreira dos Coen. Por acaso há uns meses tinha começado a ler o livro. Embora a história me tivesse interessado, o estilo de escrita (ou a tradução) fizeram-me afastar do mesmo, mas é curioso que, ao ver o filme, via as coisas como as tinha imaginado das oitenta páginas que li do livro: o ambiente sombrio, o misterioso assassino interpretado magnificamente por Javier Bardem, enfim... acertou mesmo em cheio na minha interpretação do pouco que li do livro, o que também achei particularmente interessante no filme.
«Este País Não é Para Velhos» é por isso, um filme a ver para quem gosta dos Coen como eu, ou para quem simplesmente gostou de «Blood Simple» e «Fargo». Uma fita que é um espanto para os sentidos, e uma das poucas que posso considerar que mereceu ganhar o Oscar.

Nota: * * * * *
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