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Chaplin regressa aos Cinemas

 
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rui sousa



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Location: Nasci no Porto mas vivo em Lisboa

PostPosted: Fri Dec 12, 2014 11:32 am    Post subject: Chaplin regressa aos Cinemas Reply with quote

Chaplin regressa aos Cinemas

Quote:
Uma gloriosa iniciativa para terminar em grande este ano cinematográfico: duas obras primas de Charles Chaplin, com o seu mítico vagabundo Charlot, estão de volta à sala escura. A exibição é exclusiva do Cinema Ideal, em Lisboa, e inclui O Garoto de Charlot e A Quimera do Ouro em cópias digitais restauradas. Para o início de 2015 está prometida mais uma dupla de reposições de Chaplin, e os filmes serão Tempos Modernos e O Grande Ditador.

Bem-aventurados serão aqueles que descobrirão pela primeira vez, graças a esta dupla de reposições preparada pela distribuidora Midas Filmes, estas duas obras primas de Charles Chaplin. Porque nunca é tarde para se conhecer um génio do cinema como ele, já que os grandes filmes de Chaplin têm uma particularidade: nunca passam de moda e estão sempre modernos. E se o/a leitor/a não reconhecer essa atualidade da obra de um dos grandes autores e criadores da História do cinema, ao menos não poderá contrariar, sem dúvida, esta ideia: que os seus filmes (e principalmente estes dois que estarão em exibição regular no Ideal) têm um encanto muito próprio, e que se torna inesquecível ao olhar de qualquer espectador – quer seja pelos risos que nos provoca, quer pelas lágrimas ou, pura e simplesmente, pela forma como nos faz ser testemunhas de momentos de pura poesia visual (poesia essa que – e aqui sejamos saudosistas – já não se faz hoje em dia, no cinema).

Quatro anos separam os dois filmes que estão, a partir de hoje, de volta à sala escura. Constituíram, na época em que foram lançados (há mais de oito décadas), grandes sucessos de público, crítica e prestígio para Chaplin, e são filmes que influenciaram uma série de realizadores. E louva-se a atitude da Midas em apostar num autor lendário, que na opinião das (injustificadas) más línguas, se trata de uma velharia sem qualquer interesse, que apenas poderá atrair o olfato de puristas nostálgicos ou de ratos de cinemateca. Apesar de Chaplin ter sido sempre o cineasta popular – sem ser populista – por excelência, o seu mérito parece ter sido desprezado, nos últimos anos, pelas novas gerações.

Contudo, e mesmo que este lançamento não possa ter as características que tornaram O Garoto de Charlot e A Quimera do Ouro em estrondosos sucessos nos anos 20 (os tempos são outros, e o cinema também), esperamos (ou pelo menos, espera este redator, de acordo com a sua cinefilia e pelo culto que presta desde sempre a Chaplin) que estas reposições consigam ter algum efeito. Porque mesmo que não possam encher a sala do Ideal, todos aqueles que forem ver ou rever estas duas magníficas fitas terão, sem dúvida, uma memória muito especial para guardar no regresso a casa. E isso poderá valer muito mais, neste caso específico, do que ter muitas lotações esgotadas.

O Garoto de Charlot (The Kid) [1921] – 10/10

A versão que os espectadores poderão ver de O Garoto de Charlot difere, em parte, do original estreado em 1921. Porque esta versão, relançada cinquenta anos depois, tem música do próprio Charles Chaplin. E o efeito da banda sonora é notório (principalmente no belíssimo clímax do filme, em que a separação entre Charlot e o seu filho adotado está prestes a acontecer), porque além de um genial realizador, ator e argumentista, Chaplin conseguiu, também, elaborar um sem número de composições de enorme sensibilidade para as suas longas metragens. É o que ouvimos n’ O Garoto, e que encaixa perfeitamente com as emoções desta singela história dupla de amor (uma romântica e outra paternal).

Perfeito na gestão do riso e da lágrima, O Garoto de Charlot é uma magnífica comédia, com toques delicados de tragédia, sem precisar de se tornar lamechas – imagine-se como poderia ser feito um filme assim hoje em dia? Talvez Nicholas Sparks seria chamado para escrever um guião rotineiro e vulgar de emoções demasiado forçadas, provavelmente. E é por isso que estes 50 minutos tão bem construídos são únicos: porque não podem ser repetidos de outra maneira, noutro tempo e com outros meios, e permanecer com o mesmo impacto.

Chaplin brinca com o Vagabundo, contrapondo a sua personagem com situações mais complexas das que pudemos ver na maioria das suas curtas. Há alegorias existenciais, uma paixão e um acaso do destino que faz com que Charlot se torne no protetor de uma criança. E é a humanidade em toda a sua grandeza moral, e o humor de Chaplin no seu melhor – as cenas de “colaboração” entre o adulto e o miúdo para o primeiro conseguir fazer render o seu negócio é de antologia. Aliás, todas as cenas de O Garoto de Charlot são de antologia, e é por isso que esta história é tão maravilhosa. Uma pequena-grande obra prima.

A Quimera do Ouro (The Gold Rush) [1925] – 10/10

Podemos começar pelo cliché primordial para se descrever este filme: era a obra pela qual Chaplin queria ser recordado e imortalizado. E tinha motivos de sobra para afirmar isso: é talvez a história mais bem executada da sua filmografia, com uma atenção delicada aos pormenores e aos efeitos da mise-en-scène no efeito dos múltiplos gags de que Charlot é vítima. Périplo pelo Klondike, onde a procura por ouro está no seu auge, em que se desenrolam diversas ambições, egos e contradições, A Quimera do Ouro desenvolve-se, no meio de um ambiente mais dramático do que divertido, numa deliciosa comédia sobre a candura e a simplicidade de Charlot.

Chaplin editou uma segunda versão deste filme, lançada nos anos 40, que aqui já possui muito mais alterações à original. Além de se terem cortado muitas cenas, foram retirados os intertítulos e introduzida uma voz-off de Chaplin a narrar a história. Por vezes essas descrições soam inconvenientes e inúteis (porque as virtudes do cinema mudo chaplinesco é que este fala pelos olhares e pelos gestos, não precisando de nenhuma palavra para poder ser entendido por qualquer pessoa), mas essa segunda versão tem uma vantagem em relação à original, e que a faz sair vencedora: a banda sonora nova que Chaplin criou, e que volta a sair muito bem, ao utilizar não só lindíssimas melodias, como também ao acompanhar a ação com efeitos sonoros (algo que ele tentara fazer com Luzes da Cidade, filme mudo feito já no tempo do sonoro).

Apesar disso, e independentemente da versão que for exibida no Ideal (a original, uma peça rara e mal preservada, foi há bem pouco tempo restaurada e lançada em blu-ray), A Quimera do Ouro é uma obra prima em qualquer um dos dois cuts. Nunca o timing cómico de Chaplin foi tão apurado, nem Charlot enfrentou perigos tão fortes como aqui – desde a rivalidade com os outros homens, que conseguem desfazer em pedaços o nosso protagonista (lingrinhas e simples), até à busca incessante pelo ouro… e pela conquista da mulher amada. Ótima e intemporal comédia, e mais uma jóia do cinema, é claro.


In http://www.espalhafactos.com/2014/12/10/o-genio-de-chaplin-regressa-ao-grande-ecra/
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